sábado, 29 de agosto de 2015

3D Printing Hype Cycle 2015


Olhares mais atentos que o meu, no 3D Printing Industry e na Forbes, tiveram acesso à análise mais detalhada dos hype cycles da Gartner sobre impressão 3D. O destaque vai para a rapidez com que os usos biomédicos da tecnologia estão quer a chegar à estabilidade quer a desbravar novas aplicações. Já no que nos diz mais respeito, a impressão 3D aplicada à educação, as projecções são menos optimistas.

A Classroom 3D Printing, de acordo com estes analistas, está em ascensão no crescendo de interesse entre a faísca inicial de inovação e o primeiro embate que desperta a curiosidade do grande público. É uma visão com que concordamos. O interesse na impressão 3D ligada à educação está agora a iniciar, com projectos piloto altamente experimentais, um grande despertar da curiosidade dos professores e um número ainda pequeno mas crescente de estudos académicos sobre o tema. Mas quem já traz impressoras 3D para a sala de aula sabe que há ainda muito por perceber sobre a sua pertinência pedagógica. Há que estudar aplicações, integração curricular com as diferentes áreas educativas, metodologias de trabalho.

A própria tecnologia subjacente, apesar de avançada, tem o seu quê de Ford Modelo T. Apesar de ser de ponta, é ainda algo rudimentar, com alguns problemas de fiabilidade e usabilidade que tornam, nesta fase, a impressão 3D algo mais próximo de uma arte do que uma técnica. Não tem ainda a fiabilidade a que outras tecnologias já nos habituaram, o que complica um pouco a adopção da impressão 3D por professores com pouco tempo e experiência. Sublinhe-se que não queremos com isto dizer que a tecnologia não é fiável. Mas problemas com o hardware acontecem. Os extrusores bloqueiam, as mesas têm de estar calibradas, passar da modelação 3D à impressão não é um processo linear, a impressão pode falhar porque um aluno acidentalmente desligou a impressora da corrente... são pequenos obstáculos torneáveis por quem está habituado a lidar com tecnologias mas que no dia a dia de uma sala de aula dificultam os processos de utilização, aprendizagem e consequentemente de adopção da tecnologia. E não podemos esquecer que para tirar verdadeiro partido da impressão 3D é preciso aprender a modelar em 3D, algo já mais acessível, mas que depende muito de aplicações profissionais que não foram pensadas para uso com crianças e jovens, havendo falta de aplicações simples que permitam uma iniciação à modelação. Estas começam a surgir, como se nota pelo excelente exemplo da Morphi, cujos criadores se esforçam pela integração curricular directa da modelação e impressão 3D. É um conjunto significativo de factores que dificultam a adopção desta tecnologia por outros que não os early adopters.

Não é ligar, imprimir e aprender. Mas o mesmo pode ser dito de todas as tecnologias com potencial educativo, desde os tablets à internet, sem esquecer o próprio computador. Medeia sempre um considerável intervalo de tempo desde que chegam à escola até se generalizarem pedagogias que saibam tirar bom partido de novas tecnologias. Não há aqui pós mágicos, nem inovação por simples presença. É este lado complexo, vindo da experiência de integração de tecnologias, que nos leva a concordar com a forma como estes analistas descrevem o ciclo de maturação desta (e de outras) tecnologias. Depois do deslumbramento inicial, começam os problemas e as questões de isto afinal serve mesmo para quê. Suspeitamos que parte daqueles que hoje investem na impressão 3D nas escolas, dentro de um ano ou dois as tenham colocado de parte por problemas de uso ou falta de ideias (excepção feita aos cursos profissionalizantes, onde a aplicação é directa). É um processo que vimos acontecer com a introdução de outras tecnologias na escola. Dois exemplos rápidos: a introdução de computadores portáteis no primeiro ciclo, que seis ou sete anos depois de ter sido feita (e com os equipamentos já obsoletos e inexistentes com o fim do projecto) tem agora condições para ser aproveitada com o projecto de Introdução à Programação no 1º. Ciclo; ou os tablets, que começaram a chegar à escola nas mãos dos alunos, cujas questões de utilização são agora alvo de estudos de implementação prática, caso do TACCLE2.

A simples presença de uma nova tecnologia na sala de aula não garante a pertinência do seu uso. São precisas estratégias, metodologias e ideias para assegurar eficácia pedagógica. Esperemos é que nisto a análise da Gartner erre por cautela. A maturação da Classroom 3D Printing está apontada como acontecendo num intervalo de mais de dez anos entre o arranque inicial e a sua disseminação (o plateau of productivity da curva). Esperemos que o trabalho pedagógico, que pelo que temos visto arrancou com força, acelere esta pouco optimista escala temporal.

O gráfico 3D Printing Hype Cycle 2015 está disponível no site da Gartner. Já o relatório que especifica melhor os tópicos está acessível apenas para os seus clientes.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Impressão 3D no Gartner Hype Cycle 2015


A Gartner publicou o seu hype cycle para 2015, apontando a evolução das tecnologias de ponta desde o momento em que se fazem sentir na consciência colectiva até se integrarem no dia a dia das economias. Estas curvas de crescimento são um conceito interessante, apesar de não ser muito claro em que critérios se baseiam. Sendo uma empresa privada de análise, não tem critérios transparentes ou, nestes gráficos explica as metodologias que utilizaram. Talvez na edição paga explicitem como chegam às suas conclusões. Mas a curva descreve bem o evoluir das tecnologias de ponta do surgimento até à integração. Especialmente naquele factor wow!! que depressa se traduz em desilusão perante a falta de aplicações práticas a curto prazo mas que culmina inevitavelmente na integração da tecnologia. a médio e longo prazo. Se isto vos parecer muito esotérico, reparem como os telemóveis, smartphones ou tablets evoluíram na consciência que temos deles. Este ciclo de onda aplica-se bem à forma como nos apercebemos que estes dispositivos acabaram por estar tão integrados no nosso dia a dia que nem damos pela novidade da sua existência.

Quanto à impressão 3D, olhem bem por onde ela anda. A bioimpressão 3D está a despertar a atenção. A impressão 3D de nível empresarial e industrial está a atingir a maturidade. A impressão 3D de consumo está a iniciar a longa descida. Despertou atenções, impressionou e intrigou, e começa agora a mostrar-se ainda incapaz de corresponder às expectativas elevadas lançadas. De acordo com a Gartner, a maturidade da Consumer 3D printing será atingida num espaço de tempo entre os cinco a dez anos. Começa agora o trabalho de afinar os usos da tecnologia, tirando-a do nicho de curiosidade e explorando as suas aplicações práticas que inevitavelmente a integrarão como tecnologia madura. É a hora de deixar de especular sobre as revoluções trazidas pela impressão 3D e trabalhar nas suas possibilidades de aplicação nas diversas áreas.

Agora é um momento interessante para explorar esta tecnologia fantástica. Hora de começar a cumprir a promessa de inovação e transformação que nela intuímos, e criar as aplicações que a irão integrar como tecnologia madura. Boa altura de aprofundar o trabalho sobre o que se pode fazer com impressão 3D e educação, que certamente revelará caminhos novos de aprendizagem e descoberta.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Maker Faire



Devo dizer que... em cheio: "O que mais motiva Artur Coelho e os seus colegas é o sorriso de deslumbre nos rostos dos seus alunos quando vêem os seus trabalhos a serem impressos em 3D." Como temos estado de férias, quase passou despercebida a entrada no blog da Lisbon Maker Faire 2015 sobre o nosso projecto. De 18 a 20 de setembro, lá estaremos. Para não variar, o arranque do ano lectivo vai ser um típico hit the ground running. A grande velocidade.