sexta-feira, 14 de março de 2014

Posso fazer umas experiências?


Professor, posso fazer umas experiências? Queria ver se conseguia fazer como naquelas que o professor fez, em que se vê a sala em 3D assim toda aos bocados... Foi o pedido de uma das alunas de 8.º ano que desafiei para experimentar a captura do real aliada à metrologia do concurso D3Mobile. Após três iterações da captura necessária para o segundo desafio, o grupo dedicou-se às experiências e saíram resultados curiosos. O algoritmo do 123DCatch procura padrões de semelhança em sequências de imagem, o que o torna incapaz de extrapolar informação 3D de espaços côncavos, e gera estes fiapos de realidade que se dobram e mesclam pontos de vista como os cubistas sonharam e ensaiaram no plano pictórico há cem anos atrás. Nestas coisas diria que a percepção mediada pela tecnologia está hoje a alcançar as novas formas de ver intuídas pelo cubismo, futurismo e dadaísmo nas primeiras décadas do século XX. Ao rodar o modelo nos eixos cartesianos, percepcionado o seu volume em contraste com os fiapos de realidade mesclados numa malha poligonal criada a partir da colisão de múltiplos pontos de vista, é impossível não pensar que esta é a visão com que Duchamp, Braque ou Gris tentaram fixar na tela estática em fluídas tintas de óleo no dealbar do século XX.

As alunas experimentaram, afinaram as técnicas de captura 3D, e perceberam a vertente mais simples de utilizar o 123D Catch. Ah, afinal é só importar as fotos e ele faz o resto? Pois. Mas a seguir vem um trabalho de limpeza da mesh que requer alguma sabedoria. Tenho que as introduzir ao Meshlab, está visto. Já eu fiquei com o impulso estranho de limpar a mesh e pegar na criatura para lhe fazer coisas simpáticas. Como aprender a fazer rigging e criar uma animação com a criatura em movimento.

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